sábado, 10 de outubro de 2009

Minha fantasia real.


Era um sábado e como de costume, as crianças brincavam, na rua. Isso já faz um tempo, cerca de dez anos. Mas ainda me lembro que estava sentada transformando a vida de adulto em brincadeira. Rodeada de "panelinhas" e bonecas, criava o meu mundo. As meninas arrumavam a casinha e inventavam nomes para transpor a vontade de imaginar como seria vivier vida de "gente grande". Os meninos, na mesma rua, jogavam futebol. Era engraçado entender porque nessa idade, criança tinha vergonha de se apaixonar. Era típico meninos e meninas brigarem por espaço. Afinal, tudo acontecia naquela mesma rua.

O sol quente deixava tudo ainda mais agitado, mais intenso. O movimento era constante. Ninguém parava quieto. Era um corre-corre, uma agitação e gritos por todo canto. As meninas delicadas e organizadas, viviam em conflito com os "barulhentos e sem educação".

Foi em uma dessas que descobri o amor. Ele se aproximou. Sentada, penteando o cabelo da boneca, percebi que o Sol havia sido tapado. Quando direcionei meu olhar para cima, encontrei, parado à minha frente, aquele que fez meu coração parar.

Como se fossemos amigos, indagou-me à segurar o seu relógio novo enquanto fazia aquilo que mais gostava: jovar futebol. Respondi, com as bochecas vermelhas, que sim. Ele se afastou e fiquei ali, intacta, com o relógio novo nas mãos. Minha cabeça me levou pra longe.

Acredito que deva ter durado meia hora até que voltasse. E, no momento que voltou pra buscá-lo, sem entender como, o relógio caiu da minha mão. Levantei depressa tentando fazer com que passasse despercebido. Com um olhar enfurecido disparou a gritar. Minhas mãos tremiam e minha cabeça se manteve baixa. Sentei no meio fio e coloquei as mãos sobre o rosto. Soluçando de medo, tentei pedir desculpas. Foi nesta hora que ele sentou ao meu lado, passou o braço em meus ombros e disse que ficaria tudo bem. Pediu que fosse até sua casa contar para sua mãe o que havia acontecido. Secou minhas lágrimas e me deu um beijo no rosto, o mais doce beijo. Beijo de mel. E, eu, então, tive a certeza do amor.
". Você, minha resposta"